Desde as primeiras horas da manhã, a correria foi intensa e deixou paradas de ônibus lotadas. Empresas de transporte mobilizaram frotas e colocaram carros extras para atender aos passageiros, mas, nos horários de pico o reforço não foi suficiente, principalmente em paradas onde os ônibus já chegavam com capacidade esgotada.
Transporte retornou às 17 horas
Às 17 horas de ontem, os seguranças da estação São Leopoldo abriram as portas, mostrando que a greve havia terminado. As cerca de 50 pessoas que do lado de fora esperavam pela normalização do serviço entraram calmamente e puderam passar de graça pelas roletas, orientadas pelos funcionários da Trensurb. De acordo com a assessoria da empresa, algumas estações liberaram a passagem dos usuários por um período, autorizadas pela gerência de operação, para agilizar o procedimento.
Antes do encerramento da greve, muitas pessoas passavam em frente à estação em busca de informação. Enquanto algumas resolveram esperar, outras decidiram ir de ônibus, como foi o caso da professora Viviane Manfroi, 25. Moradora de Canoas, ela veio à cidade resolver um problema e precisou de carona.
Longas filas na rodoviária
Um movimento fora do normal foi registrado na Rodoviária de São Leopoldo. Desde cedo centenas de pessoas disputavam um lugar nos ônibus com destino a Porto Alegre, formando filas enormes com espera de mais de uma hora. O tempo de espera também foi causado pelo atraso dos ônibus em trânsito, devido ao congestionamento na BR-116. "Todos os carros da empresa estão trabalhando, mas o movimento na estrada é grande e acaba atrasando a chegada aqui na rodoviária'', disse a auditora operacional da Empresa Central, Zuleika Leal.
Na plataforma de embarque fiscais da Empresa Central controlavam o acesso aos ônibus que transportaram além do número normal de 46 passageiros sentados, até dez pessoas em pé. Para atender a demanda, a empresa mobilizou todos as equipes para o trabalho. "Motoristas em folga, motoristas de outros turnos, todos foram chamados para trabalhar. Começamos a organizar o reforço na frota na tarde de quarta-feira quando os metroviários avisaram sobre a paralisação'', disse Zuleika.
Trensurb pronta para operar
Conforme o gerente de operações da Trensurb, Rubenildo de Azevedo Ignácio, o metrô estava pronto para funcionar no horário de pico da manhã, entre 5h30 e 8h30, porém sem os funcionários não foi possível oferecer o transporte para a população. "Estávamos com o centro de controle pronto para trabalhar e a via energizada, porém faltavam pelo menos 27 operadores de trem e 60 funcionários nas estações."
BR-116 parada e sem opção em Esteio
A paralisação dos metroviários pegou muita gente de surpresa, mas mesmo para quem sabia da falta do trem a espera foi inevitável. Com quase 14 quilômetros de congestionamento, a BR-116, em Esteio, foi a saída de muitos trabalhadores que tiraram o carro da garagem para não perder o dia de trabalho. Na parada de ônibus junto à passarela, em frente ao Parque Assis Brasil, o tempo de espera foi grande e a decepção de ver motoristas de ônibus fazendo sinal de negativo, foi pior. Os ônibus que saíram de São Leopoldo e Sapucaia passavam lotados e sem opção de embarque. Desde às 6h30 o técnico de manutenção, Valter Capriolli, 55, e o prestador de serviços Amauri Bernardes, 56, tentavam ir para o trabalho em Porto Alegre.
15 quilômetros de engarrafamento e acidentes
Os motoristas que trafegaram pela BR 116 tiveram que ter paciência, já que o fluxo de veículos na rodovia foi intenso. Conforme o chefe do Núcleo de Comunicação da PRF, inspetor Alessandro Castro, foram registrados 15 quilômetros de congestionamento e ocorreram sete acidentes de trânsito em Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul e São Leopoldo. "Apenas em um dos acidentes houve feridos, nos demais apenas danos materiais", conta o inspetor. "O momento mais crítico foi às 9 horas." Castro não soube precisar quantos veículos circularam na rodovia, mas devido ao aumento a PRF reforçou seu efetivo, colocando a disposição três motociclistas e mais duas viaturas.
Paradas lotadas em Sapucaia
Em Sapucaia do Sul a situação foi complicada. A empresa que atende a cidade, a Real Rodovias, reforçou a frota, mas enfrentou problemas. Quem precisou ir até Canoas teve que esperar até duas horas, tempo que o ônibus levava para fazer todo o percurso. "Colocamos todos os veículos para fazer Canoas e Porto Alegre, mas é muita gente. Os carros estão saindo lotados e estão demorando para fazer a viagem de volta'', disse Ivo Rodrigues Gonçalves, encarregado operacional. Usuários que precisavam ir a Canoas foram ouvidos e um dos ônibus mudou o itinerário para atender a demanda. Mari da Luz, 23, estava angustiada. A primeira semana no emprego novo como divulgadora em Porto Alegre corria riscos. "São quase 9 horas e já devia estar lá."
Com hora marcada
Pouco antes das 8 horas, a funcionária pública Rosaura Lisboa, 51, temia perder a hora no dentista em Porto Alegre. "Tenho que estar lá às 9 horas, não sei se vou conseguir'', disse. "É um exercício de paciência, começo a trabalhar às 8h30 e sei que vou me atrasar'', disse a assessora de planejamento da Secretaria Estadual de Turismo, Nêmora Meincke, 38 anos, que opta pelo trem pela economia e praticidade. Daniel Kuhn, 33 anos, tinha consulta marcada em Porto Alegre às 10 horas e pela falta de opção resolveu desistir. "Estou com o dinheiro contado.'' Já Sandra Ferreira, 37, sabia do indicativo de greve, mas esqueceu.
Sem saber de nada
Muitas pessoas chegaram às estações em São Leopoldo e Sapucaia sem saber da greve. A auxiliar de segurança privada, Débora Soares, 25, ficou irritada com a falta de divulgação por parte dos metroviários. A jovem só tinha recebido um folder e não tinha visto nenhum anúncio nas estações. Já a diarista Célia da Silva, 42 anos, chegou à Estação Sapucaia e não acreditou quando viu o cartaz sobre o fechamento da estação. "O que está acontecendo? Preciso ir para Canoas. Não sabia de nada. Tomara que eu consiga o ônibus.''
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